A História das Pimentas

As pimentas são originárias das Américas e foi no tempo do Descobrimento que elas foram introduzidas no resto do mundo: Europa, Ásia e África.

Foram, possivelmente, os primeiros aditivos alimentares utilizados pela civilizações antigas do México e da América do Sul. Essas civilizações conheciam a contribuição daqueles frutos para o aroma, a cor e o sabor dos alimentos e, assim, selecionaram variedades para usos específicos. As pimentas eram usadas regularmente pelos ameríndios para tornar a ingestão de carnes e cereais mais atraentes. Possuíam, também, a função de preservar os alimentos da contaminação por bactérias e fungos, contribuindo para a saúde, a longevidade e a manutenção da capacidade produtiva daquela gente. Seu emprego tornou-se característico da culinária da América Tropical.

As pimentas pertencem ao gênero Capsicum, da mesma família da batata, tabaco, petúnia entre outras. Ao longo dos anos as plantas foram sendo domesticadas e sua cor, sabor, tamanho e forma foram se modificando pela seleção humana.

Os frutos de Capsicum possuem características sensórias que atraem muito o homem. A cor e o aroma são muito apreciados no preparo de pratos à base de carnes e em queijos; a pungência, a cor e o aroma das pimentas picantes utilizadas em embutidos – “curries”, “chutney” e “pickles” – tornaram mais atrativos e saborosos alguns pratos da culinária; e a forma/tamanho, a cor, o aroma e a textura do pimentão são valorizados em saladas e pratos especiais de carnes e legumes.

Sua ardência, única no reino vegetal, resulta da presença de um grupo de alcalóides específicos.
Existem mais de vinte e cinco espécies conhecidas. A maneira mais correta de identificação são pelas flores e não pelo fruto.

Seu nome varia muito em cada lugar onde é cultivada e a mesma planta pode receber vários nomes. Uma mesma planta pode sofrer alterações de acordo com o local, ensolação, temperatura e umidade em que é plantada.

O termo “Chile” é um pouco confuso; pimenta (Brasil), chile, chilli, Aji, páprica e Capsicum são alguns dos termos usados para designar as pimentas, plantas do gênero Capsicum.
A palavra Capsicum vem do grego “kapto” que significa “morder” (uma referência à sua ardência ou calor). Para confundir ainda mais o assunto, a pimenta pode ser chamada de doce ou quente. (veja outros nomes abaixo)

Do dialeto Nahuatl do idioma Asteca, surgiu o nome Chiltepin. Este era o nome dado a uma das variedades conhecidas de pimentas mais antigas.
Acredita-se que o nome é uma união das palavras chile e tecpintl e sua combinação traduz-se: “Chile Pulga” que é atribuída ao gosto picante da pimenta chile. Através dos tempos o nome foi sofrendo alterações do nome original: chile + tecpintl para chiltecping, para chiltepin, para chilepiquin. Os últimos dois nomes são razoavelmente conhecidos.

O nome botânico moderno usado pelos taxonomistas para esta variedade é Capsicum annuum var. aviculare.
Hoje em dia, a versão “chili” identifica um tipo de prato, que é uma combinação de carne e pimentas ardentes. Em algumas receitas, serão somados também feijões.

Pimenta de “sino” (Bell) ou pimenta doce, geralmente refere-se às pimentas não picantes ou pouco picantes, de aspecto maciço (pimentão), enquanto a pimenta chile significa as variedades de pimentas ardentes ou quentes, que nós adoradores de pimentas tanto apreciamos.

As pimentas parecem ter surgido há 7.000 anos AC na região do México Central. O primeiro europeu a descobrir foi Cristóvão Colombo em uma das suas viagens históricas para a América em 1493. Ele estava procurando uma fonte alternativa de pimenta preta, que na ocasião era o condimento favorito na Europa.

O que ele “descobriu” era um fruto vermelho pequeno, muito usado pelos nativos americanos há séculos – a pimenta vermelha. Colombo os chamou “pimiento”, palavra espanhola para pimenta preta.
Capsicum não está relacionado ao gênero Piper, que contém Piper nigrum L., a fonte de pimenta preta e pimenta branca.
Após um século, as pimentas vermelhas tinham se espalhado por todos os continentes. A pimenta vermelha é nativa do Hemisfério Ocidental e provavelmente evoluiu de uma forma ancestral na região da Bolívia e Peru.

As primeiras pimentas consumidas foram coletadas provavelmente de plantas selvagens. Aparentemente os índios já cultivavam pimentas entre 5200 e 3400 a.C., o qual coloca as pimentas entre as plantas cultivadas mais antigas das Américas.

Os americanos pré-históricos pegaram a pimenta selvagem Piquin e a selecionaram nos vários tipos hoje conhecidos.
Não é exatamente conhecido quando foram introduzidas as pimentas no Novo México, sabe-se que são cultivadas há pelo menos quatro séculos.
Elas podem ter sido usadas pelos nativos indígenas como um medicamento, uma prática comum entre o Maias.
Até que o espanhol chegasse no México, os fazendeiros Astecas já tinham desenvolvido dúzias de variedades.

Fonte: Capsicum Pimentas e pimentões no Brasil / organizado por Francisco José Becker Reifscheider – Brasília: EMBRAPA Hortaliças, 2000